Nos dois posts anteriores foi mostrado parte da importância do Shifu Paulo Silva na vida profissional do Professor Heriberto Ferreira e também falamos sobre a experiência e habilidade deste Mestre do Kung Fu. Agora você vai saber mais detalhadamente sobre sua função e como se relacionar com ele.
A
forma de tratamento adequada não dispensa
Regras
e cabe em qualquer lugar, mas na Arte Marcial
Chinesa,
há uma determinação que define as diferenças
Existentes
entre professor e aluno.
Em toda Arte
Marcial existe uma palavra, geralmente pertencente ao idioma do país onde esta
arte se originou, que se aplica especialmente à pessoa que dirige a escola. A
palavra Shifu é utilizada nas escolas de Arte Marcial Chinesa. No entanto, seu
significado vai muito além de professor ou instrutor. É importante que entendermos
perfeitamente essa colocação, uma vez que ele elucida a natureza do
relacionamento que cada um deve estabelecer com essa pessoa especial.
A palavra
Sifu é, de fato, composta de dois ideogramas. “Shi” significa professor e “Fu”
significa pai, mas ambas sozinhas não descrevem completamente o papel que um Shifu
exerce para com o seu aluno.
A função do
Shifu pode ser mais especificamente descrita se pensamos como uma combinação de
um professor, um pai, um padrinho e um comandante militar.
O Shifu é,
naturalmente, seu professor. Ele passa adiante o conhecimento que foi
transmitido por seu respectivo Shifu, bem como sabedoria ou “insight” adquiridos
através de sua experiência pessoal. Na verdade é como um pai que expressa todo
cuidado com seus filhos, assim ocorre com seus alunos. Ele zela por seu
progresso na aprendizagem da arte, pelo seu bem-estar pessoal, por sua conduta
perante si mesmo, perante os outros e pela formação do seu caráter.
O seu Shifu é
visto também como um padrinho no sentido de ser seu mentor. Ele irá
supervisioná-lo e orientá-lo para que consiga atingir suas metas. É como se
fosse um comandante militar, pois merece o mesmo tipo de respeito e obediência
que um soldado teria para com seu comandante oficial.
Seu Shifu
não é seu amigo, no sentido usual da palavra. Amigos são seres iguais, com quem
você compartilha interesses comuns, passa tempo junto, mas em se tratando de um
Shifu, ele não é igual a você. Existe um espaço entre uma geração que separe
vocês. A distância está lá, principalmente por causa do nível de respeito que o
aluno deve ter para com o Shifu. Não restritamente por isso, mas a relação é um
vínculo mais estreito do que amizade, porque trata-se de um mestre que lhe
transmite conhecimento e habilidades que podem salvar sua vida.
Existem
conseqüências claras a respeito deste tipo de relação. Por exemplo, não espere
que seu Shifu apareça no seu churrasco no fim de semana, ou aceite um convite
para jantar com outros colegas de treino depois da aula. Não é que seu Shifu
não goste de você, mas, por uma questão de tradição e protocolo, ele é obrigado
a manter uma certa distância de seus alunos.
Caminhado por
esta mesma linha, perguntar sobre a vida pessoal do seu Shifu também não é de
bom tom. Enquanto perguntar sobre a vida pessoal para um amigo ou parente
consiste em uma maneira de demonstrar cuidado e consideração. Fazer isso com
seu Shifu seria considerado impróprio. Ficar sabendo de uma informação sobre
sua vida pessoal não é um troféu para mostrar para todo mundo. É algo
compartilhado entre você e seu Shifu, e que deve ser considerado como algo
muito especial.
Historicamente,
a função do Shifu não diz respeito apenas a instrutores de Kung Fu. Por
exemplo, esse termo também é usado por Monges Budistas, Sacerdotes e Taoístas,
em escolas de ópera de Pequim ou Cantonesas e escolas de acrobacia.